quinta-feira, 5 de junho de 2008

Parte 6

Eu batuqueiro? Talvez essa seja a minha sina final. Imaginamos o Nego Ufo Cao Guima de branco, com um charutão, despachando uns exus. Dos Guimarães há casos na família, mas tem mais lendas com os Santana, começamos com o meu avô que por sinal, tá ali, em versão fantasma, parado na porta. João dos Santos mais conhecido como João Diabo. Nascido nos arredores de Bagé, veio de uma infância miserável, passando fome e essas coisas que só maioria do Brasil sabe o que é. Filho de Zuleica, mãe de santo de Rio Negro. Às margens da Lagoa da Música ele nasceu criado na fama de ser o filho do diabo. E meu avô foi um baita diabo! Era marceneiro, trabalhou a vida inteira com madeira. Manhã e noite. Criando todo tipo de santo aos batuqueiros. De tanto santo que criou ele era chamado de o Pai dos santos, mas o diabo foi sustentado com a quantidade de mulheres que ele amou.

- Vai entrar aí, meu filho?
- Oi, vô.
- Tem sem certeza que vai te meter neste buraco?
- O que seria melhor?
- Esquecer que existe essa palhaçada e seguir com a tua vida! O João é a tua cara.
- É uma personagem.
- Por que o meu nome?
- E o meu pai?
- Falei com ele ontem. E Egoncaos?
- O Capa Preta tá querendo contato com ele.
- Não é o único. Tu confia demais neste teu amigo.
- Walter é gente boa!
- Mas os que estão com ele são longe de ser gente boa.
- Quantos são?
- Uma legião.

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